Juca sempre ouviu
“Filho meu tem que ser doutor e viril”
Então muito estudou
Pra transformar-se em gente ele se diplomou
Só tinha um fim:
Din, din, din!
Juca construiu sua imagem
Casou, teve filho, apê e um Volkswagen
Ao seu menino ele ensinou
Os valores familiares que ele preservou
Sempre a discursar:
Blá, blá, blá!
Seu Juca não podia aceitar que o mundo tinha mudado
As notícias e a TV foram deixando ele estressado
Tomava pílulas pra dormir e comprimidos pra sobreviver
Se armou porque achava que seus bens com as próprias mãos tinha que defender
Mesmo que custasse sangue
Bang! Bang! Bang!
Certo dia no sinal Seu Juca não teve tempo de reagir
Tomou três tiros na barriga, levaram o seu carro e ele foi parar na UTI
Passou uns meses internado, fora do mercado e ele quase faliu
O nóia que atirou era réu primário, filho de empresário, e logo da prisão saiu
Que injustiça é o Brasil
P.Q.P.!
Seu Juca que era homem de bem se sentiu derrotado
Começou a usar as redes sociais pra reclamar do que achava errado
Orgulho tinha apenas do filho que morava em Paris
Quando viu que seu menino tinha um relacionamento sério e feliz
Mas sua almejada nora tinha barba e era ator
Ai, que dor!
A certidão de óbito atestou
De desgosto o coração do Seu Juca parou
Pode até parecer surreal
Pois passou pro outro lado e só o que deixou no final
É uma história sem moral
